O natal é uma época muito celebrada em todo o mundo. É vista como uma época de união, paz e amor.
Mas o que é realmente celebrado no natal? Celebra-se a suposta data de nascimento de Jusus Cristo, ainda que esta não seja concreta. Esta é uma celebração entre os cristãos.
Porém, há muita coisa de que não gosto no natal. Neste post denuncio o que está errado no natal e o que a nossa sociedade lhe fez. Não é um meio para descarregar raiva, descontentamento e protestos, mas sim para chamar à atenção aqueles que acham que está tudo bem e que esta época é "sagrada", em vários sentidos.
Em primeiro lugar, gostava de saber porque é que as outras religiões do mundo não têm direito à atenção recebida pelo natal. Eu sou ateu (ou pelo menos tenho as ideologias e valores de um, ainda que seja baptizado e tenha a primeira comunhão) mas acredito na igualdade de direitos. E não consigo compreender a razão pela qual os judeus, os muçulmanos, os budistas e muitos outros seres humanos com outras religiões não têm o mesmo mediatismo.
Em segundo lugar, gostaria de vos falar acerca do implacável marketing por detrás de tudo isto. O facto é que as empresas "devoram" os consumidores e, principalmente, as suas carteiras. Aproveitam-se da generosidade dos consumidores. E, como se sabe, as crianças são o alvo mais atacado. É que uma criança tem o incrivel poder de influência sobre o comportamento dos pais (no bom e/ou no mau sentido). Qual é o pai que não fica envergonhado quando o seu filho berra no hipermercado "Papá, eu quero o boneco"? Apontar o dedo (acção designada como "feia") descaradamente a outra criança que passe por perto e dizer "Olha aquele menino que não chora. Olha que vergonha! Vês o menino? Ele não chora como tu" nunca resolve nada. Para mim, esta até é uma acção incrivelmente vergonhosa de se fazer. Uma criança não tem o direito de chorar? Tem, mas a visão da sociedade sobre o pai (que fique esclarecido que por "pai" estou a referir-me tanto a um pai como a uma mãe) parece falar mais alto.
A publicidade apressa-se na propaganda de vários brinquedos típicos para as crianças. É que quanto mais cedo, melhor, e se fôr necessário começar em Outubro, começa-se. O que é necessário é captar a atenção da criança e, imediata e magneticamente, capturar a carteira dos pais.
Outra coisa que eu odeio no marketing natalício é a famosa figura conhecida por "Pai Natal". Segundo a lenda, existiu, à muitos anos, um homem que, numa aldeia, deixou vários presentes ás crianças no natal. Desde então, o Pai Natal foi adaptado pela sociedade como uma figura comercial. Como indica na wikipedia: "Há bastante tempo existe certa oposição a que se ensine crianças a acreditar em Papai Noel. Alguns cristãos dizem que a tradição de Papai Noel desvia das origens religiosas e do propósito verdadeiro do Natal. Outros críticos sentem que Papai Noel é uma mentira elaborada e que é eticamente incorreto que os pais ensinem os filhos a crer em sua existência. Ainda outros se opõem a Papai Noel como um símbolo da comercialização do Natal, ou como uma intrusão em suas próprias tradições nacionais. Outros apontam a tradição de Noel como um bom exemplo de como as crianças podem aprender que podem ser deliberadamente enganadas pelos mais velhos, o que ajudaria a ensiná-las a ser cuidadosas em aceitar qualquer outra superstição ou crença infundada". Penso que esta informação da wikipedia diz tudo o que há a dizer acerca do Pai Natal, e concordo com aqueles que estão contra esta figura de marketing.
Em terceiro e ultimo lugar, gostava de referir a óbvia pretenciosidade religiosa das cantigas de natal. Recentemente, deparei-me com uma famosa música de natal chamada "Joy To The World" e senti-me revoltado com as letras da música. Aqui vão elas:
Joy to the world! the Lord has come;
Let earth receive her King;
Let every heart prepare him room,
And heaven and nature sing,
And heaven and nature sing,
And heaven, and heaven, and nature sing.
Joy to the Earth! the Saviour reigns;
Let men their songs employ;
While fields and floods, rocks, hills, and plains
Repeat the sounding joy,
Repeat the sounding joy,
Repeat, repeat the sounding joy.
No more let sins and sorrows grow,
Nor thorns infest the ground;
He comes to make His blessings flow
Far as the curse is found,
Far as the curse is found,
Far as, far as, the curse is found.
He rules the world with truth and grace,
And makes the nations prove
The glories of His righteousness,
And wonders of His love,
And wonders of His love,
And wonders, wonders, of His love.
Estas letras deviam ver banidas visto que contêm uma revoltante mensagem ditatorial em partes como "Let earth receive her King".
No entanto, gostaria de referir um ponto positivo no meio de toda esta miséria, e que se trata da solidariedade. Campanhas não faltam, mas é necessário saber quais valem a pena apoiar. Ainda assim, gosto muito do esforço de muitos para fazer deste mundo um mundo melhor. Será necessário lembrar as pessoas que enquanto estas estão nas suas luxuosas casas a comer e a beber até o depósito rebentar, outros estão sozinhos, nas ruas, sem familia nem amigos, a mendigar e a respirar não um espirito de amor mas sim de solidão? E lembrem-se que a época de solidariedade é todos os anos, 24 horas por dia, e não apenas numa época "diferente", na qual contribuir equivale a "ficar bem na fotografia".
Pessoalmente, nunca verei o natal como uma celebração religiosa, mas sim como uma época de união, paz e amor. Uma época na qual se reunem os amigos e a familia. E dentro dos termos da união, da paz e do amor, o natal é quando um Homem quiser.
Bom Natal!
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