sexta-feira, 9 de julho de 2010

Os livros e as capas...

Penso que já toda a gente terá ouvido o provérbio "Não julgues o livro pela capa". Sim, este provérbio pode aplicar-se mesmo aos livros enquanto fonte de entretenimento ou esclarecimento, mas as pessoas, no fundo, também são como livros (com princípio, meio e fim, e ainda histórias e lições de vida). Aqueles que não vêm o provérbio para além dos elementos directos a que se refere (os livros e as capas) não compreenderão, certamente, o seu verdadeiro significado, e a nossa sociedade estatela-se contra imensos problemas devido à desvalorização deste provérbio.

Acredito que muitos de vocês, leitores, já tenham ouvido dizer, da parte de alguém: "Aquele tem cara de boa pessoa". Eu ouço isto muitas vezes, especialmente ao almoço com a minha familia, porque se ouvem constantes "Aquele tem cara de boa pessoa", ou ainda o pejurativo "Tens mesmo cara daquilo que és...". Eu não compreendo estas reações. Mas agora (Agora? Bem, desde à muito tempo...) tiram-se conclusões acerca das pessoas através da sua cara? Isto é ridículo. Então se eu não fôr um "Full Time Smiler" tenho o quê? Um ar suspeito?

Mas esta forma de rotular as pessoas vai-se formando com o tempo, a começar, maioritariamente, na adolescência (e não enquanto criança, porque as crianças são demasiado puras e inocentes para começar logo a disparatar... vá, na maior parte dos casos). Só preciso de andar um dia com o meu grupo de amigos (mas odeio estar preso a um grupo, e por isso dou-me com muito mais pessoas fora deste) para ver como a famosa "primeira impressão" (sempre baseada na treta da aparência que rege a nossa sociedade) se sobrepõe a avaliação da pessoa de acordo com o seu caracter e personalidade. Falo, essencialmente, da forma como os rapazes falam das raparigas (e vice-versa). Passa uma rapariga gira e começam os seguintes comentários:
- Hey meu! Tu viste aquela? Que boa, moço!
- Mesmo. Aquilo "nem é bom", carago! Fogo...

Agora, passa uma rapariga com "não tão boa aparência":
- Hey, que cara. Já viste aquilo?
- Fogo, não era eu que andava com "aquilo". Que feia, meu...

E é assim que estamos. E de certeza que muitas raparigas pensam da mesma forma. Ainda neste ano lectivo (no primeiro periodo, penso...) ia a sair do colégio com os meus amigos e surge o único tema que se opõe ao futebol (tema discutido 90% do tempo): as raparigas. E surge mais ou menos esta conversa:

- Então Bruno? E gajas?
- É raparigas, não gajas! E não tenho pensado acerca do assunto...
- Ah, pronto, desculpa. Mas vê lá, se ela fôr boa, tu ataca!
- Boa, só se fôr em termos de personalidade. Não ligo ao aspecto.
- Fogo, estás a gozar, meu? Tu tens à tua frente duas gajas... pronto, raparigas. Uma é boa e outro é mesmo feia, mas esta tem uma personalidade muito melhor. Qual escolhes?
- A segunda. Para mim a parte importante é a personalidade. Não me digam que vão pela aparência?
- Claro! Achas que somos estúpidos?

Ou seja, se uma pessoa nasce com um aspecto que não agrade a ninguém, então está "feita ao bife", e não tem hipotese de agradar, a menos que use muita e boa maquilhagem ou ainda faça uma quantas operações plásticas! Por favor, isto é ridículo!


No entanto, esta estúpida avaliação não é só feita com base na cara e/ou corpo. Também se trata, muitas vezes, das posses e do materialismo. Quantas pessoas é que são julgadas pela marcada das sapatilhas, calças, t-shirts e blusões? Qualquer dia, até a marca da roupa interior conta! Caros leitores, estamos perante o extremo da adoração ás capas e não ao conteúdo. As pessoas têm possibilidades económicas divergentes, e compram aquilo que podem comprar! Esperem lá... ou será que não?
De facto, muitas pessoas compram aquilo que não podem comprar. Ou seja, endividam-se para "manter o estatudo" e mostrar que têm um grande carro, organizar manumentais mariscadas, que vão ver todos os jogos de futebol ao Estádio do Dragão sempre que estes são organizados, de forma a apoiar o clube, ou ainda que foram passar umas férias paradisíacas ao Havai ou à Jamaica. Depois das fotografias mostradas e concluído o teatro, abre-se o frigorífico e este está completamente vazio. Estes extremos são o espelho da nossa sociedade.

Assim sendo, faço aqui um enorme apelo aos leitores para nunca, mas nunca julgarem ninguém com base na sua aparência, e para nunca se ralarem com as opiniões daqueles que o fazem. Temos de ter orgulho em quem somos!

4 comentários:

Catarina Lobão disse...

Discordo em duas coisas.
Primeiro, discordo quando dizes que os rapazes E as raparigas colocam rótulos uns aos outros baseando-se apenas na aparência. Quantas vezes já viste uma rapariga linda, com tudo no sítio a andar com um camafeu ? Algumas, não? E quantas vezes já viste um rapaz lindo, com o abdominal tablete e o cabelo perfeito a andar com uma rapariga com 'não tão boa aparência', meu caro? Lá está, os rótulos são normalmente utilizados pelos rapazes (é claro que há raparigas que também os utilizam, mas são em munor numero).

E depois, muita maquilhagem numa rapariga nunca torna as coisas melhores XD no máximo, torna-as exageradas.

De resto, tens toda a razão !

Bruno Costa disse...

É verdade aquilo que tu dizes, mas essas excepções são raras. A nivel global, as pessoas medem-se umas ás outras de acordo com a aparência, coisa que me revolta. -.-

Anónimo disse...

Ainda assim se a pessoa amada poder ter um pouco de tudo...
Hó que maravilha !!!...
Estou certo ou estou errado ??...

Anónimo disse...

É impressão minha ou o " nem é bom " corresponde ao P.M.? XD