Como tinha prometido, ia escrever um post acerca da viagem de regresso a casa depois de umas óptimas férias em Salou. Devem estar a perguntar-se "Porque raio é que é preciso um artigo só para isso?"... pois, acontece que foi um episódio bastante... único.
Saimos do hotel na fria madrugada de 8 de Setembro com óbvias intenções de voltar a casa. Antes de nos fazermos à auto-estrada, abastecemos o carro até o depósito da gasolina ficar cheio. E lá fomos nós...
Não muito tempo depois, o carro começa a demonstrar sinais de fraqueza. Mais propriamente, a fazer ruídos estranhos. Mais ou menos depois de 70 quilómetros, o carro passa-sa mesmo: faz ruídos insanos e em nada comuns, e percebemos que tinhamos ali um "belo" problema. Paramos o carro ao lado da auto-estrada e de seguida tentamos arrancar. E, azar dos azares, o carro não arrancava. Escusado será dizer que ficamos lixados da vida e que já se faziam previsões pessimistas mas, infelizmente, acertadas acerca daquilo que estavamos a enfrentar. Por sorte, havia mesmo à nossa frente um sinal de uma estação de serviço a dois quilómetros. Eu e o meu pai empurramos o carro até lá (que remédio) e, quando lá chegamos, já o sol nascia.
O meu pai ligou para a seguradora para que nos ajudassem, e eles anunciaram que enviariam um reboque e um taxi. Se a reparação do carro, fosse qual fosse o problema, demorasse até três dias, o carro seria reparado em Espanha e teriamos de lá ficar. Se ultrapassasse o prazo de três dias, o carro seria rebocado para Portugal e eles enviariam um taxi para nos enviar para casa. Com a ajuda do taxi e do reboque (e depois de esperarmos horas por eles), fomos para uma oficina da Opel que ficava ali perto. A coisa complicava-se: a reparação demoraria, pelo menos, três dias (e ainda tivemos sorte, porque o meu pai disse que a reparação era uma emergência, e os funcionários apressaram o passo) e iamos mesmo ter de ficar ali. Depois de mais umas quantas horas, a seguradora finalmente arranjou o hotel, e aí soubemos que voltariamos para Terragona (pelo menos conheciamos a localidade e gostavamos bastante). Eles pagariam três noites ali enquanto o carro era reparado e nós iamos recebendo notícias acerca do carro. Esperamos mais umas duas horas pelo taxi que nos levaria ao hotel (imagino que a culpa destas demoras fosse da bur(r)ocracia) e lá fomos nós...
Quando lá chegamos (finalmente), apercebemo-nos de que era um hotel de quatro estrelas (sempre estivera em hoteis de três estrelas exclusivamente, pelo que fiquei surpreendido) mas passamos por outro momento de seca e possivel bur(r)ocracia: a seguradora demorou horas para confirmar a nossa estadia. A velocidade a que toda a experiência se movia era comparavel à velocidade de um caracol...
Ainda no primeiro dia ficamos a saber que o problema do carro era o motor: simplesmente tinha dado o berro (e já tinham sido muitos anos com esse mesmo problema, na verdade). Agora, os mecanicos iriam tentar encontrar um motor usado para o carro, o que viria a acontecer rapidamente, e acontece que o motor estava (e está) quase novo. Se por um lado ficamos satisfeitos por saber que havia reparação relativamente rápida, por outro lado sabiamos muito bem que a conta seria bem extensa... posso ainda dizer que nos vi a agirmos como uma familia muito unida: a discutirmos o assunto seriamente e a ajudar-nos uns aos outros para ultrapassar o mesmo problema. Até chegamos a procurar transportes públicos para casa, para o caso de virmos a precisar...
Aproveitamos, claro, para aproveitar e passear durante aqueles três dias em Terragona, mas não aproveitamos tanto quanto isso: eu passaria lá férias sem problemas, gosto da cidade, mas não quero estar ali naquelas circunstâncias. Ninguém queria. Descontraimos, é certo, mas o pensamento estava prioritariamente no carro. E assim se passaram estas férias "extra"...
Já no terceiro dia, eu e o meu pai fomos à Opel pois no final do dia já trariamos, quase de certeza, o carro. Fomos de taxi, claro, e ficamos lá durante umas horas, a conversar maioritariamente sobre música. Depois fomos chamados para ver em que estado estava o motor avariado: só vos posso dizer que estava MESMO lixado! Fizeram-se os últimos testes ao carro e ele estava pronto. Porra, FINALMENTE. É claro que, pelo arranjo do carro, o meu pai pagou cerca de 1400 euros, o que é um enorme estouro financeiro... mas caramba, o problema já estava resolvido! E lá voltamos de carro ao hotel, enquanto ouviamos o "Machine Head", dos Deep Purple.
No dia seguinte, lá voltamos a Portugal, a casa. Como disse uma amiga minha, fiquei aqui com uma boa história para contar a futuros netos (se os tiver, claro). E que aventura esta...
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