sábado, 18 de setembro de 2010
Jimi Hendrix
Jimi Hendrix, considerado por muitos o melhor guitarrista de sempre, faleceu precisamente à 40 anos. Este incorporava vários estilos músicais, ainda que especialmente o Blues, e popularizou o pedal wah-wah (que lhe foi introduzido por Frank Zappa). Este fez também actuações míticas nos festivais de Monterey (1967), Woodstock (1969) e Isle Of Wight (1970). As suas guitarras favoritas eram a Fender Stratocaster, a Fender Jaguar e a Gibson Flying V. Se por um lado foi influênciado por artistas de blues como B.B. King, Muddy Waters, Howlin' Wolf, Albert King e Elmore James, por outro lado viria a influênciar quase todos os guitarristas de renome que se seguiram.
Jimi Hendrix nasceu a 27 de Novembro de 1942 em Seattle, Washington, ou seja, numa época em que o movimento músical que viria a caracterizar a cidade (o Grunge) não era sequer imaginado. Como a figura músical turbulenta que era, conheceu a turbulência desde cedo: os seus pais separaram-se em 1951 e a sua mãe, muito dada ao álcool, morreu em 1958. Hendrix começou por tocar Ukelele (instrumento de 4 cordas, introduzido no Havaí pelos portugueses no século XVII), e o seu pai ofeceu-lhe a sua primeira guitarra (acústica) por volta dos seus 15 anos, comprada por apenas cinco dólares. Porém, a guitarra era para dextros, e Jimi Hendrix era esquerdino (ou assim consta, porque um estudo recente provou que Jimi era ambidextro e que essa polivalência pode estar na base da sua criatividade).
Depois de tocar com várias bandas locais de Seattle, Hendrix alistou-se no exército. Hendrix alistou-se também como voluntário para a guerra do Vietnam, mas nunca esteve em combate. No entanto, as suas gravações tornaram-se as favoritas entre os soldados que lá lutavam. Inicialmente, Hendrix tocou em bandas de apoio a músicos de soul e blues como Curtis Knight, B. B. King, e Little Richard em 1965.
Foi enquanto tocava com outra banda ao vivo que Hendrix foi descoberto por Chas Chandler, baixista do famoso grupo de rock britânico The Animals. Chandler levou-o para a Inglaterra, levou-o a um contrato de agenciamento e produção com seu produtor musical e ajudou-o a formar uma nova banda, os The Jimi Hendrix Experience, com o baixista Noel Redding e o percussionista Mitch Mitchell.
Durante as suas primeiras apresentações em clubes de Londres, o nome da nova estrela espalhou-se como fogo pela indústria musical britânica. Os seus concertos e estilo criaram fãs rapidamente, entre eles os guitarristas Eric Clapton, Jeff Beck e Brian Jones, assim como os Beatles e os The Who, cujos produtores imediatamente encaminharam Hendrix para a editora que produzia os The Who: a Track Records. O primeiro "single" desta parceria, uma regravação de "Hey Joe", tornou-se quase que um padrão para as bandas de rock da época. Seguiram-se os singles "Purple Haze" e "The Wind Cries Mary".
Em 1967, os The Jimi Hendrix Experience lançam o seu primeiro álbum: "Are You Experienced?". O álbum fez muito sucesso, que só não alcançou o número 1 porque foi "barrado" pelo álbum "Sgt Peppers Lonely Heart Club Band" dos The Beatles. O álbum é considerado por muitos o melhor álbum de estreia de todos os tempos. Por volta dessa altura, a banda deu um espectáculo memoravel no festival de Monterey. A cena mais famosa da actuação é, evidentemente, o seu final, no qual Hendrix rebola no chão, simula sexo com os seus amplificadores e, por fim, queima a sua guitarra (como podem ver na imagem que dá início ao artigo) e destroi-a.
Enquanto isso, de volta a Inglaterra, a sua imagem de "selvagem" e de cheio de recursos de exibicionismo (tal como tocar a guitarra com os dentes e com ela às costas) continuava a trazer-lhe notoriedade, apesar de ele ter começado a sentir-se cada vez mais frustrado, devido à concentração dos meios de comunicação e das platéias nas suas atuações no palco e nos seus primeiros sucessos, e pela crescente dificuldade em ter as suas músicas novas também aceites.
No mesmo ano, o grupo lança o seu segundo álbum, "Axis: Bold as Love", que continuou com o estilo estabelecido por "Are You Experienced", com faixas como "Little Wing" e "If 6 Was 9", mostrando a continuidade de sua habilidade com a guitarra. No entanto, um percalço quase impediu o lançamento do álbum — Hendrix perdeu a fita com a gravação "master" do lado 1 do LP depois de acidentalmente ter-se esquecido dela num táxi. Com a proximidade do prazo final de lançamento, Hendrix, Chandler e o engenheiro de som Eddie Kramer foram forçados a fazer à pressa uma remixagem a partir das gravações multi-canais, o que eles conseguiram terminar numa verdadeira maratona noturna. Esta foi a versão lançada em dezembro de 1967, apesar de Kramer e Hendrix mais tarde terem dito que nunca ficaram totalmente satisfeitos com o resultado final.
Em 1968, a banda lança o seu terceiro e último álbum de estúdio, "Electric Ladyland". O álbum contem clássicos como "Voodoo Child", "Crosstown Trafic" e uma grande cover de Bob Dylan, "All Along The Watchtower". Porém, a gravação deste álbum foi extremamente turbulenta: Hendrix decidira voltar aos EUA e, frustrado com as limitações da gravação comercial, decidiu criar seu próprio estúdio em Nova Iorque, no qual teria espaço ilimitado para desenvolver a sua música. A construção do estúdio, baptizado com o nome "Electric Lady" foi repleta de problemas, e o mesmo só foi concluído em meados de 1970.
O trabalho antes disciplinado de Hendrix estava também a tornar-se errático, e as suas intermináveis sessões de gravação repletas de novos músicos finalmente fizeram com que Chas Chandler pedisse demissão no dia 1 de dezembro de 1968. Chandler posteriormente queixou-se da insistência de Hendrix em repetir gravações constantemente (a música Gypsy Eyes aparentemente teve 43 tentativas de gravação, e ainda assim Hendrix não ficou satisfeito com o resultado) combinado com o que Chas viu com uma incoerência causada por drogas, fez com que ele vendesse a sua parte no negócio ao seu parceiro Mike Jefferey. O perfeccionismo de Hendrix no estúdio era uma marca - comenta-se que ele fez o guitarrista Dave Mason tocar 20 vezes o acompanhamento de guitarra de All Along The Watchtower - e ainda assim ele estava sempre inseguro quanto a sua voz, e muitas vezes gravava-a escondido no estúdio.
A expansão dos seus horizontes musicais foi acompanhada por uma deterioração no seu relacionamento com os colegas de banda (particularmente com Redding), e os The Jimi Hendrix Experience acabaram em 1969.
Em Agosto de 1969, no entanto, Hendrix formou uma nova banda, chamada Gypsy Suns and Rainbows, para tocar no Festival de Woodstock. Esta tinha Hendrix na guitarra, Billy Cox no baixo, Mitch Mitchell na bateria, Larry Lee na guitarra base e Jerry Velez e Juma Sultan na bateria e percussão. O concerto, apesar de notoriamente sem ensaio e desigual na performance (Hendrix estava, dizem, sob o efeito de uma dose potente de LSD tomada pouco antes de subir ao palco) e tocado para uma platéia celebrante que se esvaziava lentamente, possui uma extraordinária versão instrumental improvisada do hino nacional norte-americano, The Star-Spangled Banner, distorcida, quase irreconhecivél e acompanhada de sons de guerra, como metralhadoras e bombas, produzidos por Hendrix em sua guitarra (a criação desses efeitos foi inovadora, expandindo para além das técnicas tradicionais das guitarras elétricas). Essa execução foi descrita por muitos como a declaração da inquietude de uma geração da sociedade americana, e por outros como uma critica sublime aos E.U.A, estranhamente simbólica da beleza, espontaneidade e tragédia que estavam embutidas na vida de Hendrix. Foi uma execução inesquecível relembrada por gerações. Quando lhe foi perguntado no Dick Cavett Show se estava consciente de toda a polêmica que havia causado com a performance, Hendrix simplesmente declarou: "Eu achei que foi lindo."
Os Gypsy Suns and Rainbows teveram uma vida curta, e Hendrix formou um novo trio com velhos amigos, os Band of Gypsys, com seu antigo companheiro de exército, Billy Cox no baixo e Buddy Miles na bateria, para quatro memoráveis concertos na véspera do Ano Novo de 1969/1970. Felizmente os concertos foram gravados, capturando várias peças memoráveis, incluindo o que muitos acham ser uma das maiores performances ao vivo de Hendrix, uma explosiva execução de 12 minutos do seu épico antiguerra "Machine Gun". Em 1970, em Agosto, a banda tocou no Festival "Isle of Wight" com Mitchell e Cox, expressando desapontamento no palco em face do clamor de seus fãs por ouvir seus antigos sucessos, em vez de escutarem as suas canções mais recentes, mesmo tendo momentos memoráveis (inclusive Jimi Hendrix executando a clássica "Machine Gun", desta feita com 18 minutos de duração). A 6 de Setembro, durante sua última turnê européia, Hendrix foi bastante mal recebido por fãs, quanto se apresentou no Festival de Fehmarn, na Alemanha, um evento marcado por motins e um clima político agreste. O baixista Billy Cox deixou a turnê e regressou aos Estados Unidos depois de supostamente ter utilizado fenilciclidina (ou seja, uma substância analgésica).
Nas primeiras horas de 18 de Setembro de 1970 (faz hoje pricisamente 40 anos), jimi Hendrix viu a sua luz eclipsar-se. A causa da sua morte nunca foi inteiramente explicada, mas teve como resultado o afogamento de Hendrix no próprio vómito, que estava principalmente composto por Vinho Tinto. Hendrix juntava-se assim ao misterioso "Clube dos 27", do qual fazem parte outras estrelas como Jim Morrison, Janis Joplin, Brian Jones e Kurt Cobain, todos eles falecidos com apenas 27 anos.
No entanto, mesmo com a sua morte, foi lançado imenso material e milhares de gravações nunca antes ouvidas. São de destacar os álbuns póstumos "Cry Of Love", "Rainbow Bridge", "War Heroes", "First Rays Of The New Rising Sun" e o mais recente "Valleys Of Neptune", lançado este ano e que adquiri à pouco tempo. Para além disso, vai ser lançada uma box set no dia 15 de Novembro de 2010 intitulada "West Coast Seattle Boy: The Jimi Hendrix Anthology". Esta box set contem quatro cd's com gravações de estúdio e ao vivo inéditas, bem como um documentário baseado na vida e obra de Jimi Hendrix intitulado "Jimi Hendrix Voodoo Child". Também vai ser lançado um "Best of" mais simples de um só disco, com e sem documentário.
A conclusão que podemos tirar, depois de tudo isto, é que Jimi Hendrix é imtemporal e inesquecivel. Pode ter falecido à 40 anos, mas para nós, fãs, Jimi Hendrix nunca morrerá.
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3 comentários:
Excelente artigo sobre este músico sem duvida muito talentoso embora demasiado extravagante e mesmo algo demente. Prova disso foi o seu triste fim.
Tirando a parte artistica e criativa é exemplo a não seguir.
Muito trabalho de investigação, quem corre por gosto não cansa ...
Parabéns.
James Marshall Hendrix morreu sim devido ao afogamento pelo próprio vomito, MAS isso aconteceu porque ele estava AMARRADO por correias na maca dentro da ambulância e SOZINHO no trajeto até o hospital, os enfermeiros foram na frente batendo papo.
Quem nunca passou mal e vomitou??
Será?
A namorada do Hendrix na época foi com ele na ambulância, o que significa, obviamente, ele não foi sozinho, e ela disse que, quando o puseram na ambulência, ele ainda estava vivo. O curioso é que tudo o que a namorada disse foi negado pela equipa da ambulância, tanto acerca da sua presença como do facto de Hendrix ter entrado na ambulância vivo.
O facto é: nós não sabemos o que realmente aconteceu e, provavelmente, nunca saberemos. :S
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